Largo Dr. João Mota Prego
O Largo Dr. João Mota Prego, antigo Largo de S. Bento, constitui-se como uma pequena área verde em pleno Centro Histórico, com duas oliveiras e uma plantação de alfazemas, que em dias de verão deixa um cheiro inesquecível a quem por aqui passa. Este Largo é adornado por uma Fonte, também conhecida como “Tanque de Santo António” (o seu nome deve-se ao facto de esta fonte se ter localizado na antiga Rua Nova de Santo António), de onde jorra água de duas bicas em forma de dois golfinhos, posicionados nas laterais e que, servia em tempos idos, como lavadouro público.
Aqui podemos também encontrar a Casa das Rótulas, edificada possivelmente na primeira metade do séc. XVII, atendendo à tipologia que apresenta, nomeadamente no que respeita à utilização das grades de madeira colocadas nas varandas das casas (gelosias ou rótulas), muito utilizadas nas habitações do norte do país a partir de finais do século XVI. De planta retangular, o edifício divide-se em dois andares, mantendo no piso térreo a estrutura em granito, enquanto que no piso superior a fachada principal é totalmente revestida por “rótulas” de madeira. A fachada lateral é coberta por revestimento de placas de ardósia, com duas janelas de guilhotina. Esta casa pelas suas características arquitetónicas, foi considerada como imóvel de valor concelhio, em 1993. Foi sujeita a obras de recuperação em 2005, executadas pela Câmara Municipal da Guimarães, mas mantém a tipologia primitiva.
Ainda neste largo, vê-se um magnífico edifício habitacional do séc. XVIII, a Casa Navarros de Andrade, onde hoje funciona atualmente o Arquivo Municipal Alfredo Pimenta. Aqui viveu o Cónego Mestre-Escola, doutor Rui Gomes Golias, autor de um ato singular, que perdurou na memória local: numa inspeção dos Cónegos da Colegiada ao túmulo de S. Torcato, arrancou, com os próprios dentes, o osso de um dos tornozelos do santo, relíquia que expôs, até à morte, na capela da sua casa, a capela do Senhor Jesus, atraindo para ela a devoção e a atenção dos fiéis.
Em 21 de Dezembro de 1662, as suas sobrinhas e herdeiras, decidiram entregar esta preciosa relíquia à Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, e, atualmente, esta relíquia integra a coleção do Museu de Alberto Sampaio. Em 1820 com o falecimento da última descendente, o Cónego Jacinto Navarro de Andrade herda a casa e, em 1833, após a sua morte, os seus herdeiros tomam posse da casa e atribuem-lhe o nome de família: Navarros de Andrade.
Largo dos Laranjais
Neste largo destaca-se a Casa dos Laranjaise as diversas laranjeiras que povoam a pequena praça. Muito embora a atual configuração da Casa dos Laranjais resulte da campanha arquitetónica levada a cabo no decorrer do século XVIII, é evidente a integração de elementos provenientes de construções anteriores, bem como a persistência de determinados modelos, que contribuem para o carácter excecional desta construção. Tal é o caso da torre, rematada por merlões e com uma gárgula no cunhal, que exibe uma lápide, datada de 1654, época em que terá sido levantada, seguindo o modelo da denominada casa-torre medieval, caraterística das residências da nobreza portuguesa, que se manteve ao longo dos séculos, com especial incidência no norte do país. Do período manuelino (expressão decorativa da época do rei D. Manuel I) tem duas portas, inscritas na fachada do corpo anexo à torre. A última remodelação arquitetónica remonta ao século XVIII, com destaque para o corpo do edifício, e que reflete os conceitos habitacionais setecentistas, patentes na regularidade da planta e dos alçados.
Ao lado, um pequeno largo com bancos de pedra e um pequeno pomar de laranjeiras, vemos o monumento de homenagem a Alberto Sampaio. Este foi um historiador vimaranense, apaixonado pela sua cidade e pela história, o qual dá nome a um dos museus de Guimarães. Foi aqui representado num baixo-relevo em bronze, da autoria de António de Azevedo.
Este é um bom local para fazer uma pausa na visita ao Centro Histórico.