Mosteiro de fundação privada já mencionado em 1120, talvez na esfera da linhagem dos Portocarreiros e depois dos Fonsecas, Mancelos constitui um exemplo da intervenção senhorial na criação e manutenção de igrejas particulares.

Tendo sido integrada na ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, é provável que a data, 1166, inscrita num silhar [pedra] da Igreja, testemunhe a sagração ou a dedicação do templo. Todavia, os vestígios arquitetónicos subsistentes remetem-nos para o século XIII, sendo esta cronologia mais evidente no portal principal.

Este é abrigado pela galilé, o que explica o seu bom estado de conservação. Os capitéis foram elegantemente esculpidos e o tímpano liso é sustentado por duas figuras ao modo de atlantes.

A galilé e a torre, entre outros elementos, como as ameias, conferem monumentalidade à Igreja, profundamente modificada nos séculos posteriores à sua edificação.

Tal é evidenciado pelas cicatrizes do paramento e pelos acrescentos estruturais. Do lado sul, onde se situaria o claustro [pátio interior de um mosteiro], um arcossólio guarda ainda um túmulo.

No interior apenas o arco triunfal recorda a construção românica, sendo o espaço hoje fruto das intervenções contrarreformistas.

No cemitério, junto ao Mosteiro, encontra-se sepultado o pintor Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918), figura maior do Modernismo português.