A Rua de D. João I, antiga Rua de Gatos, estava fora da cerca de muralha que protegia o Burgo e já era habitada nos finais do século XII. Devido à proximidade de uma das portas mais importantes da Vila de Guimarães – a Porta de São Domingos, tornou-se a via de ligação entre o centro de Guimarães e o caminho para o Porto.

Na primeira metade do século XVI foi erigido, ao fundo da rua, um Hospital e uma Gafaria dos Lázaros (lugar para leprosos). Nesta gafaria viria a ser edificada em 1600 a Capela de São Lázaro. Junto à Capela, fica localizado o Padrão de D. João I (ou de S. Lázaro), obra do século XVI, cujo magnífico cruzeiro é coberto por uma espécie de baldaquino renascença. O monumento terá sido erguido em comemoração da vitória de Portugal sobre Espanha na Batalha de Aljubarrota, ocorrida a 14 de agosto de 1385.

Após a Batalha de Aljubarrota, o rei D. João I veio a Guimarães e, chegado ao local onde está edificado o Padrão, iniciou a romagem descalço e rodeado por uma comitiva, para cumprir o voto feito a Santa Maria de Guimarães pela vitória na batalha, ofertando parte de sua armadura de combate e alguns valiosos despojos tomados ao inimigo, incluindo um cordão em ouro com comprimento igual à distância que separa este Padrão e a Igreja da Oliveira, à Senhora da Oliveira. O Loudel usado na batalha pelo rei D. João I faz parte da coleção atual do Museu de Alberto Sampaio.

No cimo da rua, encontram-se a Igreja de S. Domingos, exemplar gótico, classificado como Imóvel de Interesse Público, ao lado, o claustro do antigo convento – Monumento Nacional, e o edifício da Venerável Ordem Terceira de São Domingos. As origens da igreja de S. Domingos remontam à construção do primeiro mosteiro dominicano em Guimarães, erigido entre 1271 e 1278. Durante os séc. XVIII e XIX, a traça original do edifício é profundamente alterada, juntando-se, aos elementos góticos, reminiscências barrocas e românicas e o Santíssimo Sacramento da Igreja de S. Paio é para aí conduzido.

O Convento de S. Domingos, antigo edifício medieval, foi destruído em finais do século XIX, ficando apenas o belíssimo claustro do séc. XIV, monumento nacional desde 1910, hoje integrado no Museu de Arqueologia da Sociedade Martins Sarmento.

A evolução urbana desta rua fez-se sentir através da construção de alguns edifícios barrocos, como a Casa Peixoto Guimarães, em frente à igreja de São Domingos e de edifícios construídos na segunda metade do séc. XIX.

A estrutura da Rua de D. João I mantém, ainda hoje, as caraterísticas de um arruamento medieval. A maioria das habitações desta rua obedece ao modelo padrão das habitações vimaranenses construídas nos séculos XVI e XVII, em que se destacam as casas sobradadas, com portadas de granito e varandas de madeira no primeiro piso.

Nesta rua podemos encontrar um bairro tipo “ilha”, ao qual se tem acesso através de um passadiço, construído atrás do portal de um dos edifícios principais, que converge numa ruela estreita onde se agrupam casas e quintais.