Tashi Wada apresenta what is not strange?

Se pudéssemos descrever a música de Tashi Wada numa só palavra, onírica seria talvez a opção mais acertada. Usando afinações pouco convencionais, experimentando com os limites da distorção dos instrumentos e sem medo de se aventurar com estruturas de canções mais pop, o compositor explora estados de ressonância e dissonância para despertar diferentes realidades emocionais. 

Radicado em Los Angeles, cresceu cercado pelo avant-garde da cena Fluxus de Nova Iorque. No apartamento ao lado vivia a coreógrafa Simone Forti e no de cima o histórico Nam June Paik. Marilyn Bogerd, a sua mãe, é artista visual e o seu pai é o lendário compositor Yoshi Wada, uma figura-chave da música minimal. Durante mais de uma década, pai e filho formaram uma das parcerias mais interessantes da música experimental e litúrgica, que culminou em Nue (2018), um disco que apresentaram um pouco por todo o mundo. 

Mais de cinco anos depois, Tashi Wada regressa aos lançamentos com aquele que é o seu trabalho mais vulnerável e introspetivo até hoje. Escrito e gravado num período marcado pela morte do pai e pelo nascimento da filha com Julia Holter, What is not Strange? vê o compositor a refletir sobre a dicotomia do estar vivo e da mortalidade. Deixando a música guiar-se a ela mesma, este álbum tem uma paisagem quase surrealista, em que as formas densas e os contrastes prosperam. Acompanhado ao vivo pela voz hipnótica de Julia Holter e pela percussão de Corey Forgel, Tashi Wada entrelaça camadas vocais, efeitos de sintetizadores e arranjos detalhados, encontrando um equilíbrio entre o introspetivo e o expansivo.